Júlia Miranda, estudante do 3º ano do Ensino Médio, alcançou a terceira maior nota entre 17 países e fez história como a primeira representante de Pernambuco na competição
A estudante Júlia Miranda, do 3º ano do Ensino Médio do Colégio GGE, conquistou a medalha de ouro na 18ª Olimpíada Iberoamericana de Biologia (OIAB), realizada entre os dias 7 e 14 de setembro, em Armênia, na Colômbia. Ela integrou a delegação brasileira, responsável pelo melhor desempenho do país desde a criação da olimpíada, em 2007. A participação também marcou um feito inédito para Pernambuco, que esteve representado pela primeira vez na disputa. Na estreia, Júlia alcançou a terceira maior nota individual entre estudantes de 17 países da América Latina, além de Portugal e Espanha.
A trajetória até o ouro foi marcada por esforço e persistência. Em 2024, Júlia conquistou a prata na Olimpíada Brasileira de Biologia (OBB), organizada pelo Instituto Butantan. Em 2025, voltou a disputar as três fases da OBB e alcançou a medalha de ouro, o que lhe garantiu vaga na seletiva nacional realizada em São Paulo. Após provas teóricas e práticas, foi escolhida para integrar a equipe que representou o Brasil na Iberoamericana.
“Ganhar uma medalha de ouro na Olimpíada Iberoamericana foi a realização de um sonho e a prova de que, mesmo diante de grandes dificuldades, quando a gente se dedica é possível chegar lá. No início, me diziam que conquistar um bronze já seria muito. Hoje, ao alcançar o ouro, sinto que quebrei essa ideia de que certas coisas são impossíveis”, afirma Júlia.
O professor de Biologia, Juan Tavares, acompanhou a estudante em toda a jornada e destaca a importância da conquista. “Esse resultado só foi possível porque houve uma união entre família, escola e o esforço da própria aluna. Júlia contou com preparação teórica e prática dentro do colégio, além de aulas complementares em instituições como a UPE, UFPE e o Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz, o que deu a ela a bagagem necessária para enfrentar a competição internacional com segurança. Ver esse crescimento desde a prata até o ouro é motivo de muito orgulho para todos nós”, ressalta.
Entre livros, simulados e uma rotina intensa de estudos, Júlia lembra que acordava de madrugada para se preparar. “Passei quase um ano inteiro estudando para a Olimpíada, conciliando escola, vestibular e preparação. Acordava às 3h da manhã para ler livros de referência e, mais tarde, fazia simulados internacionais. Também tive apoio de muita gente e, principalmente, do laboratório do colégio, em Boa Viagem. Para uma prova experimental, são muitas áreas de conhecimento envolvidas, e recebi apoio de professores de diferentes disciplinas. Sou muito grata por ter contado com essa rede de suporte da escola. Foi cansativo, mas gratificante ver todo esse esforço se transformar em resultado”, destaca a estudante.
A estudante também viveu momentos únicos durante a competição. Como é da religião adventista, não participou da cerimônia de premiação, realizada em um sábado, e aguardou o pôr do sol no quarto para saber o resultado. “Eu estava muito nervosa, ouvindo os aplausos à distância. Quando soube que tinha conquistado a medalha de ouro, recebi ligações e mensagens e depois fui abraçada por colegas de vários países. Foi incrível sentir esse carinho coletivo em uma competição tão disputada”, relembra.
Para Júlia, a medalha é também uma forma de incentivar a presença feminina nas olimpíadas científicas. “Quero que essa conquista sirva de inspiração para outras meninas. Muitas vezes a gente olha para essas competições e não vê tanta representatividade feminina. Mas se não tem nenhuma, você vai ser a primeira e vai ser incrível. A gente é capaz e merece estar no topo dessas competições”, completa.
FOTOS: Karolayne Guedes/GGE, Ana Carolina Soares/GGE e Instituto Butantan/Divulgação