sábado, 6 de setembro de 2025

BOLO DE NOIVA FOI O PROTAGONISTA NO PAÍS DA CULTURA ALIMENTAR NESTA SEXTA (5)

A confeiteira e pesquisadora Cristianne Barros destacou a preservação da memória familiar e das tradições gastronômicas durante atividade na Feira de Caruaru



Uma receita de bolo é bem clara nos ingredientes e na proporção de cada elemento. Duas xícaras de farinha, 200g de manteiga, 3 ovos e por aí vai. Mas se dentro da batedeira e do forno não pode faltar precisão matemática para que a química gastronômica aconteça da forma correta, já não se pode dizer o mesmo com os sentimentos envolvidos em uma receita de família. Quanto de amor, de cuidado, querer bem e de memória afetiva cabem em um bolo feito para os seus? Não há como mensurar em gramas, colheres ou xícaras. Cozinhar é um ato de carinho, uma linguagem de amor universal e que é passada de geração em geração. É assim que Cristianne Barros, confeiteira e professora do curso de Gastronomia do Senac, transmite seus saberes.

A preservação da memória familiar através dos cadernos de receitas foi o foco na ação do País da Cultura Alimentar da tarde desta sexta-feira no Festival Pernambuco Meu País em Caruaru. A atividade aconteceu na Feira de Caruaru, importante polo gastronômico e cultural da cidade, unindo tradição e salvaguarda. Enquanto preparava um bolo de noiva, Cristianne deu uma aula sobre as origens dessa receita genuinamente pernambucana, registrada inclusive Patrimônio Imaterial do Estado desde 2023, junto às suas práticas socioculturais associadas.



“Somos um povo doce e carregamos a tradição da cana-de-açúcar no sangue. Por isso gostamos tanto de receber bem as pessoas em nossas casas, servir um bolinho com café. Essa tradição faz parte da nossa herança e é muito importante preservarmos essa memória dentro dos seios familiares. Os cadernos de receitas cumprem esse papel de manter o elo com o passado, pensando no futuro. As tradições de cada família não podem morrer”, ressaltou a chef.

Com mais de 20 anos de experiência no setor gastronômico  em Pernambuco com foco em Confeitaria e panificação. Formada em gastronomia, Mestra em Ciência da Educação e pesquisadora cultural, Cristianne dividiu com o público do Festival Pernambuco Meu País a receita de sua avó do bolo de noiva. Desde o descanso das ameixas em vinho Moscatel por semanas até o uso de cacau, cada etapa do processo é feita com amor e atenção ao sabor. 

Sobremesa com raízes inglesas, o bolo de noiva pernambucano nasceu ainda no período colonial e foi se adaptando às influências culturais e econômicas ao longo dos anos. Alguns ingredientes são obrigatórios e outros, como o acréscimo de nozes ou outras frutas cristalizadas, vão do gosto e do costume de cada família. Para a coordenadora de Gastronomia da Secult-PE, Dianne Sousa, que articulou a atividade desta sexta (5), ações como essas são complementares ao mapeamento de boleiras de Pernambuco que vem sendo feito pela Secretaria de Cultura dentro do Mapa da Cultura Alimentar. 

“Cristianne desenvolveu uma pesquisa sobre bolo de noiva desde 2008. Então há anos ela vem nesse processo de auxílio e mapeamento também em relação às boleiras, principalmente boleiras de confeiteira, que foi muito importante durante o processo de patrimonialização do bolo de noiva. E falar de cadernos de receitas é outro tema central dentro da confeitaria pernambucana. Durante sua pesquisa, Cristianne encontrou muitas receitas que foram passadas de avó, de mãe pra filha, através de cadernos. Então trazermos esse assunto para o festival é falar de salvaguarda da memória alimentar do nosso Estado e exercer ela na prática”, destacou Dianne.


QUEM É ADRIANO LUIZ?

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Caruaru, PE, Brazil
Formado em jornalismo pelo Unifavip. Pós-graduando em Audiovisual, tendências e mídias sociais no Uninassau. Radialista desde 2004. Mais de 20 anos na comunicação em Caruaru-PE.