Processo de luto é necessário e algumas estratégias podem ser adotadas para amenizar a dor
Em um país que ocupa a 3ª posição no ranking de animais de estimação, com mais de 139,3 milhões de pets, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, muitas são as temáticas que envolvem os bichinhos, uma delas é delicada, porém de extrema importância: o luto das crianças ao perderem um grande e verdadeiro amigo de quatro patas, seu companheiro de brincadeiras e sapequices, E essa perda pode trazer danos e, de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Havard, abalar o bem-estar emocional dos pequenos.
O luto por si só já traz consigo uma carga emocional grande, mas quando envolve animal de estimação e criança, abala ainda mais. Levando em consideração que a presença de animais de estimação está cada dia mais comum nos lares brasileiros e que eles são companhias não apenas para os adultos, mas, sobretudo, para os pequenos e que são considerados por muitos como parte da família, os pais e responsáveis precisam ficar atentos, uma vez que quando o luto não é enfrentado da maneira adequada, pode desencadear uma série de consequências, dentre elas o adoecimento de quem está vivenciando o momento.
O tempo duração do luto de crianças e adultos pela perda de um pet costuma ser de 3 meses a um ano, podendo se estender em casos específicos. Em um contexto geral, é comum que tenha choro, isolamento social, vontade de criar outro animal ou vontade de nunca mais querer um. Em se tratando de crianças, especialmente, o quadro pode se somar a sentimento de culpa, dificuldade para dormir, inquietação, medo, agressividade, baixo rendimento escolar e falta de interesse por atividades antes prazerosas.
Deste modo, a psicóloga e neuropsicóloga Érika Lima orienta sobre o que pode ser feito quando a criança perde seu bichinho de estimação. “Se o pet já vem doente e apresenta indícios de que pode morrer, o adulto já pode ir preparando a criança. Conversar é sempre um ótimo caminho. Explique o que está acontecendo e de modo que ela compreenda, fale sobre a morte. Caso seja uma morte repentina, conversar também se faz necessário e evitar mentiras é o ideal. Não diga que o animalzinho fugiu ou que alguém levou ele embora. Opte sempre pela verdade. Por mais doloroso que seja, esse será um passo importante para o amadurecimento emocional desse pequeno que provavelmente não passou por uma dor assim antes”.
Com a concretização da morte outros aspectos podem ser aderidos a fim de tornar a despedida mais natural e menos sofrida, como explica Lima. “Converse quantas vezes for necessário, pergunte sobre o que a criança está sentindo; veja a possiblidade de promover um ritual de partida; também é interessante, a depender do caso, se desfazer dos objetos que façam lembrar o animal, mas há situações em que guardar algo também ajuda; se houver a possibilidade, introduza algum livro infantil que aborde a temática de forma lúdica, a fim de facilitar sua compreensão; se a criança estudar, introduza o colégio nesse processo, converse com os professores e peça ajuda; mostre fotos e vídeos do animal com essa criança, traga à tona as memórias e sentimentos envolvidos nessa perda”. Ela reforça ainda que “se os sintomas da tristeza e de dor tomarem outras proporções, procurar um acompanhamento profissional é mais que recomendado, sobretudo, pela possibilidade do luto tornar-se algo patológico”.