Médica mastologista Isabella Figueiredo destaca importância dos exames periódicos para diagnóstico precoce e tratamento eficaz da doença
No mês de combate e prevenção ao câncer de mama, a campanha Outubro Rosa deste ano vem com o tema Juntos Somos Mais Fortes, com o objetivo de fortalecer a união dos setores no combate à doença. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), mais de 60 mil novos casos são diagnosticados por ano no Brasil, sendo 1% desses em homens. Esse é o tipo de câncer mais comum depois do de pele e o que causa mais mortes entre as mulheres. Ainda segundo o Inca, em 2023, 73.610 casos novos foram estimados. Em 2020, ocorreram 17.825 mortes.
A médica mastologista Isabella Figueirêdo – com atendimento no NOA (Núcleo de Oncologia do Agreste) – destaca a importância da realização de exames periódicos para o diagnóstico precoce e tratamento eficaz da doença. Além disso, a mulher precisa conhecer o corpo para perceber as variações naturais da mama e qualquer alteração (nódulo, de aréola, secreção que saia do mamilo, algum abaulamento, carocinhos na axila, etc). No entanto, esse não é um fator principal para a identificação da doença. “A gente não incentiva o autoexame como uma forma de rastreio, mas como uma prática de autoconhecimento. A partir daí, se a mulher sentir alguma alteração, deve buscar ajuda médica”, adverte Isabella Figueirêdo.
Para o Ministério da Saúde, o protocolo é que a mulher faça mamografia, a cada dois anos, a partir dos 50 anos de idade. A Sociedade Brasileira de Mastologia, no entanto, recomenda que o exame seja feito a partir dos 40 anos, de forma anual. “Fazemos um alerta especial: aconselhamos as mulheres que têm história de câncer de mama na família a procurar um mastologista, assim que o diagnóstico do parente acontecer porque o rastreio muda um pouco, nesses casos. A partir de uma consulta, uma avaliação bem específica, a gente consegue mensurar o risco dessa paciente e dizer exatamente a idade que ela precisa começar o acompanhamento. Mas, no geral, a partir dos 30 anos, quando a mulher tem uma história familiar de câncer de mama, é preciso iniciar o rastreio”, explica a médica.
Já as mulheres abaixo de 40 anos, dentro da rotina ginecológica anual, devem fazer o exame de ultrassonografia das mamas. Em caso de alteração no resultado, a paciente é encaminhada para o mastologista. “A gente recomenda que, a partir dos 25 anos, a mulher vá a uma consulta com um mastologista para avaliação completa do risco e necessidade de começar a fazer exames mais precocemente ou não”, esclarece a mastologista.
A médica Isabella Figueirêdo diz que muitas mulheres deixam de realizar a mamografia devido ao grau de desconforto que o exame traz. “Faz parte. O aperto mamário é importante para que o tecido se espalhe. Mas, é um desconforto que passa rápido. Então, vale a pena passar por isso. Algumas mulheres têm um desconforto maior, então a gente recomenda fazer o uso de analgésico antes e depois do exame, mas é um exame que a gente não pode abrir mão de modo algum”, chama atenção.
Sintomas e Diagnóstico – Realizar os exame periodicamente é a forma mais eficaz e precoce de diagnosticar a doença, já que, no início, o câncer de mama é uma doença silenciosa. “É justamente nessa fase que a gente quer diagnosticar a doença. Mas, quando diagnosticada de forma mais tardia, podem aparecer sintomas como a presença de nódulo (caroço) na mama, descamação/ casquinha no mamilo, gânglios na axila, secreção (principalmente com a presença de sangue) ou descarga aquosa (transparente) excretada de forma espontânea pelo mamilo”, alerta a especialista.
Fatores de Risco – O câncer de mama é uma doença multifatorial (com muitos fatores de risco envolvidos): o primeiro fator de risco é ser mulher, em seguida temos a história familiar de câncer em parentes de primeiro grau, e os fatores reprodutivos (próprios da história da mulher), como a menarca (primeira menstruação) antes dos 12 anos, a menopausa após os 55 anos (devido a um tempo maior de exposição ao hormônio estrogênio), além de mulheres que não tiveram filhos ou tiveram mais tardiamente. Depois, os comportamentais, que podem e devem ser modificados. “É importante adotar comportamentos que envolvam atividade física, alimentação saudável e manutenção do peso adequado, por exemplo. Esses três juntos podem reduzir em 17% a taxa de câncer de mama. São fatores que a gente pode mudar na nossa vida”, pontua a médica.
Tratamento multidisciplinar – São vários os profissionais envolvidos no tratamento do câncer de mama: mastologista, oncologista, radiologista, radioterapeuta, fisioterapeuta, psicólogo e outros. “A partir do diagnóstico é importante que a mulher inicie a psicoterapia. Lembrando que o diagnóstico de câncer não é só da mulher, mas da família, por isso a importância da mulher estar acompanhada por uma pessoa na qual ela confie (não necessariamente o marido ou filhos) nas consultas. Essa rede de apoio é extremamente importante”, finaliza a médica mastologista Isabella Figueirêdo.